quarta-feira, 8 de abril de 2009

Após denúncias Sarney promete cortar cargos pela metade

Anna Carolina Maia(Brasil)

Nesta quinta-feira (18), o Presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou que a Fundação Getúlio Vargas fará uma auditoria administrativa na Casa e que deve cortar pela metade os números de diretores. A expectativa é que a reestruturação administrativa seja concluída em seis meses e contará com uma média de um diretor para cada senador. Mesmo que os diretores não voltem aos seus cargos, a gratificação pela função ficará incorporada ao salário.

A maioria dos diretores ganha em torno de R$ 20 mil, mas muitos, pela antiguidade como funcionários de carreira do Senado, recebem o teto, R$ 24,5 mil.

Sarney pediu na última terça-feira que os diretores deixassem seus cargos à disposição. Na solenidade de assinatura do protocolo com a FGV, o presidente fez um desabafo: "Todos (os diretores) vão sair e vamos analisar pelo critério de mérito quem vai ficar. Coloquei meu nome, minha carreira, mais uma vez, sem necessidade. Vocês têm de compreender que para mim não é fácil. Aceitei prestar um serviço à Casa", argumentou Sarney, ao afirmar que também não sabia da existência de tantos cargos de direção no Senado.

Oficialmente o Senado possui 181 diretores em seu quadro funcional, mais de dois para cada senador. Entre as diretorias estão; check in, para facilitar o embarque dos senadores nos aeroportos, diretoria de visitação, para acompanhar a visita de turistas ao Senado e uma apenas para cuidar das comunicações por rádio em ondas curtas.

O Senado é alvo de escândalos

O Senado vem sendo acometido desde fevereiro quando José Sarney tomou posse da presidência. A briga política entre Sarney (PMDB-AP) e Tião Viana (PT-AC) tomou proporções maiores que a disputa pelo cargo. Pode-se dizer que a partir desta rachadura entre setores de PMDB e PT os maus costumes da Casa foram “revelados”.
Em um mês e meio a Casa foi alvo de inúmeras denúncias envolvendo senadores e diretores. Começou com os pagamentos de horas extras em mês de recesso parlamentar (janeiro), fartura de cargos de direção, uso indevido de imóveis funcionais por diretores, má utilização de verbas indenizatórias, entre outros problemas.

A queda do então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia,que pediu afastamento do cargo após vir à tona que sonegou a compra de uma casa de R$ 5 milhões em Brasília.

A denúncia que mexeu com os pilares da Casa: Nepotismo Diretores do Senado empregavam parentes em empresas prestadoras de serviço (terceirizadas), para burlar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe a prática de nepotismo na administração pública.

O pagamento de hora extra para mais de 3 mil funcionários da Casa em pleno recesso parlamentar de janeiro, com gastos estimados em R$ 6,2 milhões e a dispensa do também diretor de Recursos Humanos do Senado, João Carlos Zoghbi,fizeram do Senado o palco para uma crise ética sem precedente.

Tomando novas medidas o presidente José Sarney tenta apagar a pior imagem que uma instituição pública pode ter: de que serve a interesses privados.


Saiba mais:

'Clube de amigos' do Senado faz folha crescer 42%


MPF dá prazo de dez dias para Sarney prestar informações sobre horas extras

Confira a lista dos 50 diretores afastados no Senado

Enquete:

Você acredita que com as denúncias feitas e a diminuição dos cargos de diretores do Senado haja uma represaria a corrupção e o nepotismo?

Nenhum comentário: