Por: Leonardo Magalhães (Brasil)
O Senado vem atravessando há tempos uma crise de grandes proporções. Nos últimos meses, escândalos contínuos acabaram por denegrir a imagem da instituição para a sociedade, que acaba por considerar a Casa como um espaço que serve primordialmente aos interesses privados. No mais recente episódio, a assessoria do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), divulgou que a Casa conta atualmente com 181 diretores, e não mais 136, como informado anteriormente.
“É incompreensível que o Senado Federal tenha uma estrutura tão pesada, com tantos diretores, seguramente não são necessários”, disse o senador Aloízio Mercadante (PT-SP).
É a terceira versão dada para o número total de diretores em ofício. Primeiro, o Senado informou que eram 131. Depois corrigiu para 136, e agora elevou o número para 181. Outro absurdo nessa questão, está relacionado aos salários pagos. Alguns diretores recebem salários de R$ 18 mil, além de gratificações de R$ 2.000 pelos cargos de chefia. O próprio José Sarney é responsável por pelo menos 70% destes cargos, visto que a proliferação das diretorias e a elevação dos salários, ocorreram durante seu segundo mandato à frente do Senado, entre 2003 e 2005.
Após ter sido alvo de diversas denúncias, Sarney anunciou a redução no número de diretores na casa. Por ordem dele, todos tiveram que colocar seus cargos a disposição. “Nós não falamos mais de reforma administrativa, e sim numa reestruturação profunda da administração da Casa”, disse Sarney.
O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), afirmou que o afastamento destes diretores não ocorrerá de forma imediata, o que significa que os mesmos vão continuar recebendo seus benefícios. Ele comentou que a expectativa é de que as mudanças ocorram “o mais rápido possível”, mas admitiu que não há um prazo determinado. Segundo ele, os diretores vão permanecer nas suas funções até que sejam analisados a importância e o grau de participação de cada um. Espera-se que pelo menos metade dos diretores deixem seus cargos, mas o comando do Senado pretende manter aqueles que respondam aos interesses gerais da instituição.
Até a última sexta-feira (3), haviam sido exonerados de seus cargos, 50 diretores. Mesmo dispensados, tais diretores, que são funcionários públicos concursados, permanecerão no Senado. Eles perdem as gratificações, que variam de R$ 2.064,01 a R$ 2.229,13, e voltam às suas antigas funções. Neste primeiro momento, foram afastados apenas diretores concursados. No futuro, segundo Heráclito, os não concursados que perderem os cargos serão demitidos. O assunto será tema de reunião da Mesa Diretora do Senado na próxima semana.
Saiba mais:
Veja a matéria do G1:
Confira a relação dos diretores que deixaram seus cargos
Matérias relacionadas:
Agaciel Maia deixa o cargo de diretor-geral do Senado
Senado paga R$ 6 milhões de horas extras nas férias
Enquete:
Em meio ao período turbulento que o Brasil atravessa, somente a exoneração de seus cargos seria uma punição justa a esses políticos?
( ) Sim. Todos devem ter o direito de se reerguer no Senado, até mesmo sendo novamente integrados a seus partidos de origem.
( ) Não. A instituição poderá crescer bem mais sem a presença de grande parte destes diretores.
Fórum:
Os recentes episódios trazem a tona a bagunça em que se encontra o Senado Brasileiro. Que medidas cabíveis podem ser tomadas de imediato para melhorar a imagem da instituição?
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário