Por: Thaís Santana (Opinião)
Coicidentemente, quando pensava em algo para escrever sobre este assunto, li uma matéria da Revista O Globo de abril deste ano que falava sobre o tempo; ou melhor, a falta dele. Durante uma aula, não lembro bem de que, alguém já disse que a revolução tecnológica nos permite fazer muito mais coisas em menos tempo. Nesta matéria, o matemático e pesquisador Marcos Cavalcanti fala que ela permitiu uma "circulação de conhecimento explícito" - a informação pura e simples: "De uma hora para outra, todo mundo passou a ter a possibilidade de se tornar um ser humano bem informado". Em contrapartida, afirma Cavalcanti, houve a redução de pessoas capazes de produzir "conhecimento tácito", isto é, de refletir.
Neste trecho, ele deixa claro o que quer dizer com tudo isso: "Não adianta só ter informação. Um computador manipula melhor do que qualquer ser humano o conhecimento explícito. [...] Aí entra a questão do tempo. Em vez de correr para não perder nada, o ideal nesse momento é consumir pouca informação e parar para pensar".
Este é o papel do jornalismo, não apenas no futuro, mas principalmente no presente: produzir uma informação de qualidade, capaz de promover reflexões, de fazer pensar, analisar. Na verdade, penso que a euforia do início cada vez mais dá lugar à exigência de adequação do conteúdo, priorizando a integridade e as bases do jornalismo bem feito, tendo em vista tantos maus exemplos existentes.
Não concordo com visões apocalípticas (com a licença do termo, cunhado por Umberto Eco para definir aqueles que se opunham à cultura de massa, considerando-a uma anticultura). Acredito que à esta altura da vida acadêmica já é possível entender que não há apenas o lado bom e o lado mau. Por isso, não creio que o desenvolvimento do jornalismo digital vá simplesmente extinguir outras formas de consumir informação.
O fato é que nós, leitores, espectadores, ouvintes, mais recentemente participantes, e profissionais devemos, sim, nos adaptar. Assim como quando Gutenberg criou a prensa tipográfica as pessoas tiveram que aprender a ler, também nós da era digital precisamos aprender a ler as tantas possibilidades que a internet proporciona.
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