Por: Joyce Felipe (Opinião)
A discussão sobre o sistema de cotas nas universidades é alarmada pelo fato de negros terem direito a 20% das vagas, assim como estudantes de escolas públicas terem outros 20%. O que não se comenta é que, em ambos os casos, as universidades dão essas cotas a candidatos considerados carentes, mediante pesquisa socioeconômica. Não é qualquer pessoa da raça negra nem qualquer estudante de escola pública (aberta a quem quiser, indendente da classe social).
O sistema de cotas aqui no Brasil, não seria tão necessário quanto nos EUA (onde foi criada essa idéia). Lá, o racismo era mais descarado, o negro tinha que dar o lugar no ônibus para o branco, coisas assim. O que houve lá foi uma tentativa do governo deacabar com o racismo.
Aqui no Brasil, embora o racismo seja mais velado (e pode-se reclamar na justiça se por acaso houver alguma prática racista), ele existe. O fato de os negros estarem numa situação tão mais precária que a dos brancos possui raízes históricas que não foram exterminadas do imaginário dos mais abastados - e brancos.
Mas o que tem que melhorar mesmo no Brasil é a educação. O governo tem responsabilidade nisso? Tem, lógico. É necessário que se invista mais na educação. Na melhoria de condições de trabalho dos professores - não só o salário, mas também a carga horária deles deveria ser mais flexível. O que adianta cobrar dos professores aperfeiçoamento se mal dá para eles viverem com o salário de uma só escola? O que parece é que o governo está empurrando o ensino fundamental e médio com a barriga. O que acaba acontecendo é que o sistema privado, com mais dinheiro e condições de proporcionar determinadas necessidades acabam sendo as primeiras colocadas nos vestibulares.
O mais irônico nisso tudo é que o ensino público gratuito é destinado principalmente a pessoas que não tem condições de pagar por uma faculdade. Como as universidades públicas cobram matérias absurdas, que normalmente não está nos planos didáticos das escolas, quem tem dinheiro para pagar um bom professor estuda e passa na prova. Se não passar, paga uma faculdade particular. E quem quer entrar na universidade mas não tem condições de pagar? Existe o ProUni, mas nem todos conseguem e, ainda por cima, está sendo mais utilizado por pessoas de maior poder aquisitivo do que por quem realmente precisa.
É muito cômodo alguém falar que os meninos pobres e negros preferem jogar futebol do que estudar. Uma justificativa muito fútil de quem desvia dinheiro do ProUni, do Bolsa Escola. Não estou dizendo que a preferência pelo futebol entre alguns meninos carentes é balela. É claro que isso existe. Os que de fato preferem ganhar a vida no futebol quer ter as mesmas oportunidades que o menino da elite - que faz arruaça e bate em empregadas e prostitutas - recebe do pai de mão beijada. Sabem que o governo não investe no futuro deles.
O mais preocupante dessa história é que existe a possibilidade de, a pessoa negra - ou indígena - que entrar na universidade corre o risco de ser ainda mais discriminada do que era antes. E pior: o preconceito se estender para o mercado de trabalho.
O sistema de cotas, em si, já constitui a diferenciação do cidadão. Pela Constituição, todos tem direitos, independente de cor, credo, classe social, opção sexual, nacionalidade, naturalidade etc. Se houver um investimento maior em educação, qualquer pessoa poderá entrar na universidade. Não será preciso burlar a Constituição para garantir que isso aconteça.
Fórum:
Você já entrou em alguma universidade pelo sistema de cotas?
Enquete:
Fim das cotas nas Universidades Estaduais:
( ) Uma pena, já que existe um abismo muito grande nas universidades entre os números de negros e brancos.
( ) Até que enfim! Todos temos direitos iguais, segundo a Constituição.
( ) Não acredito que haja uma diferenciação tão grande entre brancos e negros, ricos e pobres na universidade. Lá, é cada um por si.
Saiba mais:
Uerj quer embargo na decisão que suspendeu sistema de cotas
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Um comentário:
O texto em si, apresenta claramente a situação encontrada no País em relação ao sistema de cotas. foi relatado como o preconceito ainda continua evidente no Brasil, além do sistemas de cotas, se mostrar ineficiente em relação ao despreparo do estudantes considerados menos favorecidos.
O texto apresenta a solução para esse problema, que seria um investimento sério na educação desses estudantes em seu período escolar.
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