Texto escrito por: Thaís Santanna
Texto revisado por: Joyce Felipe
Falando direta e objetivamente: as autoridades não podem usar o sistema de cotas como forma de consertar o sistema de ensino público do país. Trata-se de mais um recurso paliativo, prolongado até que seja colocado à prova mais uma vez, como acontece atualmente no Rio de Janeiro. A questão a ser discutida, na verdade, não é o sistema de cotas; é a reforma necessária das bases educacionais do país. Mas está é uma questão estrutural e, também, histórica. Trata-se de um debate que exige cautela e tempo, além da participação de toda a sociedade.
A discriminação acontece muito antes do sistema de cotas. Ela começa, principalmente, nas divisões que nós mesmos fazemos ao dizer que, sem cotas, aqueles a quem elas são destinadas são incapazes de conseguir ingresso nas universidades. Cabe a nós o esforço de abandonar de vez o discurso e partir para prática. O Estado é só mais uma instância da vida em sociedade; nosso maior erro é acreditar que devemos permanecer aguardando, enquanto os homens da política fazem o resto. Questionar e, principalmente, ajudar o país a se mexer é nosso direito. Melhor dizendo: é nosso dever. Cabe a nós encontrarmos alternativas que resolvam o problema, por mais que saibamos que esse é o papel dos governantes que escolhemos.
Aqui acrescento outra questão: entrar pra uma universidade pública independe de pobreza ou riqueza. Depende de mérito, estudo e dedicação. É um princípio, uma ação. Depende do movimento que o candidato a uma vaga faz em direção ao seu objetivo, buscando recursos, por mais que estes faltem. Isso explica porque tantos alunos, mesmo de alto poder aquisitivo, são reprovados em diversas matérias do curso e muitas vezes até trancam a faculdade por não obterem rendimento adequado. Isso pode acontece com todos, independentemente de cor ou raça.
Anticonstitucional não é o sistema de cotas em si, mas sim o desrespeito à igualdade de direitos dos cidadãos prevista na Constituição. Noção e sentimento de igualdade que devem partir, também, daqueles que almejam ingressar na universidade pública e obter um ensino superior (nem tão) de qualidade.
Comentário:
O texto já começa com a opinião da autora, sem nenhuma referência a notícia sobre a suspensão das cotas para negros, índios, estudantes de escolas públicas e filhos de policiais e bombeiros - a não ser o link logo no primeiro parágrafo. Ela fala diretamente sobre o recurso (mal) usado pelos governos para as universidades públicas. Thaís destaca que o mérito de entrar em uma universidade concorrida depende de estudo e dedicação - assim como quase tudo na vida. Infelizmente, as cotas são o resultado de uma constatação lamentável: são poucos os negros e ex-estudantes de escolas públicas que entram numa universidade pública. O estudante da rede pública é muito prejudicado pela falta de atenção ao ensino dada pelo governo. E a maioria desses estudantes são negros!
quarta-feira, 10 de junho de 2009
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